terça-feira, julho 18

Não deixe o rabo balançar o cachorro - 2

Ninguém está livre de uma má ação, muito menos quando não tem desenvolvimento mental completo ou é retardado. Esta má ação pode ser deixar o rabo balançar o cachorro, isto é, praticar algo contrário ao senso comum. Seria isso mesmo? E se o senso comum fôsse deixar o rabo balançar o cachorro? O bom senso é a coisa mais bem distribuída na face da terra, já que todos se acham muito bem providos dele. Todos se acham sempre com razão.
Aos 20 anos fui na conversa da vassoura. Assisti a comícios de Jânio Quadros. Só aos 49 anos pude me recuperar votando contra Collor.
Desde cedo uma coisa eu pude compreender: o que é uma notícia de jornal, ou melhor, o que ela não é, pois pude, inúmeras vezes, presenciar fatos que no jornal tinham outra vestimenta. O réporter chega depois do acontecido e pergunta a um popular como é que foi. Quem conta um conto aumenta um ponto; já viram a autenticidade da notícia. Pior quando a notícia é fabricada na redação. Os impropérios saem em letras garrafais na primeira página. O desmentido é feito algum tempo depois em letras minúsculas na quinta página do segundo caderno. Já vi esse filme. O "The Globe" era mestre nisso. Se nos jornais já era assim, nem quero falar como era na TV. E foi balançando o cachorro que elegeram o Collor. Lula reclamou muito na ocasião. Não reclama mais porque agora já provou do melado e achou bom, sem restrições. E quando reclama da imprensa, aqui pra nós, é só jogo de cena. Como é a principal figura da República, está sempre no noticiário. Arranjaram-lhe um contraponto à nossa revelia e nunca divulgam os outros candidatos. Ninguém os conhece. Nem sabem que eles existem, ou seja, o rabo está balançando o cachorro. Diz-se que é melhor ser cabeça de rato que rabo de leão. Os maiorezinhos de 16 anos (santa inocência!), os analfabetos, os loucos e os pobres (que recebem o bolsa-miséria) nunca viram um cachorro abanar o rabo!

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