
Aos 20 anos fui na conversa da vassoura. Assisti a comícios de Jânio Quadros. Só aos 49 anos pude me recuperar votando contra Collor.
Desde cedo uma coisa eu pude compreender: o que é uma notícia de jornal, ou melhor, o que ela não é, pois pude, inúmeras vezes, presenciar fatos que no jornal tinham outra vestimenta. O réporter chega depois do acontecido e pergunta a um popular como é que foi. Quem conta um conto aumenta um ponto; já viram a autenticidade da notícia. Pior quando a notícia é fabricada na redação. Os impropérios saem em letras garrafais na primeira página. O desmentido é feito algum tempo depois em letras minúsculas na quinta página do segundo caderno. Já vi esse filme. O "The Globe" era mestre nisso. Se nos jornais já era assim, nem quero falar como era na TV. E foi balançando o cachorro que elegeram o Collor. Lula reclamou muito na ocasião. Não reclama mais porque agora já provou do melado e achou bom, sem restrições. E quando reclama da imprensa, aqui pra nós, é só jogo de cena. Como é a principal figura da República, está sempre no noticiário. Arranjaram-lhe um contraponto à nossa revelia e nunca divulgam os outros candidatos. Ninguém os conhece. Nem sabem que eles existem, ou seja, o rabo está balançando o cachorro. Diz-se que é melhor ser cabeça de rato que rabo de leão. Os maiorezinhos de 16 anos (santa inocência!), os analfabetos, os loucos e os pobres (que recebem o bolsa-miséria) nunca viram um cachorro abanar o rabo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário