Gasto com Bolsa-Família dá salto de 60%
Tribuna da Imprensa
O desembolso com o programa Bolsa-Família deu um salto de 60% em apenas um mês, saindo de R$ 597,7 milhões em junho para R$ 952,4 milhões em julho, período que coincidiu com a melhora da avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, apontada pelos institutos de pesquisa. No Nordeste, região de maior popularidade de Lula e onde ele obtém maiores intenções de votos, o aumento em julho foi ainda maior, atingindo 93% - de R$ 245,8 milhões para R$ 473,8 milhões.
O casamento do ano eleitoral com a expansão do assistencialismo pode explicar o bom desempenho do presidente Lula nas pesquisas de intenção eleitoral, assim como a boa avaliação do seu governo. Os gastos com o Bolsa-Família estão crescendo justamente no período imediatamente anterior a eleição, como explica o economista Mansueto Almeida, assessor do presidente do PSDB, Tasso Jereissati, em trabalho realizado a partir de dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siaf).
Até julho, o Bolsa-Família consumiu R$ 4,3 bilhões, faltando aproximadamente R$ 4 bilhões para serem despendidos até o final do ano. Até junho, porém, a média mensal era de R$ 577 milhões. A partir daí, a média mensal (para se desembolsar todos os recursos orçados para 2006) aumenta em 44%, para R$ 800 milhões, acompanhando meses eleitoralmente decisivos, como julho, agosto, setembro e, em caso de segundo turno, outubro.
Almeida frisou que não pode provar que o grande aumento dos desembolsos do Bolsa-Família em julho tenha sido um expediente eleitoral. "O governo sempre pode fazer alegações, como atraso na confecção dos cartões ou outros problemas do gênero", explica. O fato, porém, é que, do momento em que aumentou os recursos no orçamento para o Bolsa-Família de cerca de R$ 4 bilhões, em 2005, para R$ 8,4 bilhões, em 2006, o Congresso - na visão do economista - colocou nas mãos do governo um poderoso instrumento de manipulação eleitoral.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), dirigido pelo ministro Patrus Ananias, o valor de desembolsos do Bolsa-Família em julho traz embutida parcela de R$ 273 milhões do pagamento de junho, não efetuado antes. Ainda assim, somando-se aquela parcela ao que foi efetivamente pago em junho, chega-se a algo entre R$ 870 milhões e R$ 950 milhões (dependendo de se usar os dados do MDS ou do Siafi, que apresentam alguma discrepância), o que indicaria um salto de 60% a 70% em relação à média até maio.
Para Marcos Coimbra, do Vox Populi, graças ao programa "o presidente Lula quebra a resistência de um eleitorado dos grotões e das periferias das grandes cidades, formado por mulheres de baixa renda e baixa escolaridade, que resistia a votar nele, mas que, por influência do Bolsa-Família, muda de idéia e passa a votar".
segunda-feira, agosto 28
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