sábado, agosto 5

A deusa Kali

No panteão das divindades tântricas, Kali é mencionada como a primeira das 10 Grandes Forças Cósmicas porque, de alguma forma, é ela que começa o movimento da "Roda do Tempo Universal".

Minha lembrança dessa deusa indiana vem dos tempos da infância quando, todo domingo, ia à matinée em busca de divertimento e fantasia. E, em algum filme, possìvelmente em Gunga Dim, via as cerimônias no templo da deusa, de onde, após muita gritaria, os fanáticos saiam em correria para sacrificar os infiéis.
Já assisti a diversos comícios petistas, como observador, quero deixar bem claro. E como observador e, também, com certa dose de exagêro (mas isto é uma metáfora, tão ao gosto do Lula), quero dizer que achava os fanáticos da deusa Kali bem mais comportados que os fanáticos petistas. Porque, vejam vocês, os petistas preferem ignorar suas incompetências, sua corrupção, seu corporativismo, enfim, preferem encontrar tudo isso do outro lado e então dizer que é tudo igual.
Mas onde quero chegar? Agora vou reproduzir, integralmente, um artigo do Josias de Souza. Não tenho saída.
"Lula promoveu na noite desta sexta-feira um jantar de adesão com empresários paulistas. Deu-se no requintado Jockey Club. Um assento à mesa custou R$ 2.000 por cabeça. O preço cobriu a comida e o discurso do candidato.
Preparado por Charlô, festejado cheff paulistano, o repasto foi coisa fina.
A entrada: terrine de queijo chèvre (à base de leite de cabra) e legumes assados. O prato principal: pernil de vitela com vinho Chablis (branco, francês), cogumelos frescos e risoto de limão siciliano. A sobremesa: torta mousse de chocolate com creme de baunilha e biscoitinhos de amêndoas.
Lido por Lula, o discurso serviu o trivial variado. A entrada: reforma política. "Não me canso de repetir: a crise ética que se abateu sobre o país é a crise do sistema político em sua inteireza, e não apenas de algumas pessoas ou de alguns partidos. Por isso, é fundamental a reforma política profunda, que previna e iniba certas práticas.
"O prato principal: planos de governo. "Nós temos hoje um projeto de nação e, mesmo com todas as dificuldades, estamos conseguindo implantá-lo. Este projeto tem por base o desenvolvimento com inclusão social, o aprofundamento e melhor uso das práticas democráticas e a inserção soberana do Brasil no mundo".
A sobremesa: quindim de crescimento. Com mais quatro anos de mandato, vamos “colocar definitivamente o país na rota do crescimento de longo prazo (...). Não podemos perder as oportunidades que nós mesmos criamos. Chega de idas e vindas, chega de crises a cada dois ou três anos".
Não se sabe, por hora, quanto a passada de pires rendeu às arcas da campanha. O numerário será compartilhado com o comitê do candidato petista ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante, que também estava presente. No próximo dia 29, no mesmo local, o empresariado vai à mesa a convite de Geraldo Alckmin. A comida e o discurso sairão pela metade do preço: R$ 1.000."

Chego à conclusão que esta foi uma reunião comportada, nada de petismo. O Josias, por ironia, ilustrou este lauto banquete com o sêlo do Fome Zero: o Brasil que come ajudando o Brasil que tem fome.
Não, este banquete só tinha gente que tem muita fome e contribuiu com R$ 2.000 para comer muito mais num hipotético segundo mandato.

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