Histórias infantis
Eu tinha sete, oito anos. Minhas irmãs, quatro e três anos. À noitinha, hora de dormir, nosso pai nos contava histórias maravilhosas. E arrematava: - Entrou por uma de pinto, saiu por uma de pato, Nosso Senhor falou que quem quiser que conte quatro.
É claro que os pirralhos nada tinham para contar, Assim, pedíamos: - Conta outra, pai.
Interessante, quando fiquei mais taludinho ouvia dos outros garotos essa história de pinto e patos sobre contar histórias. Só que os prolegômenos eram de natureza não tão ortodoxas ou, para ser mais claro, eram termos pesados.
Passados 70 dias da apreensão do R$ 1,7 milhão com petistas no Hotel Íbis, em São Paulo, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas, tem uma certeza: "Se houver algum enquadramento dos envolvidos neste caso, será por crime eleitoral."
Na opinião de Gabeira, o enquadramento dos petistas que tentaram comprar um suposto dossiê contra tucanos pode ser feito mesmo não se descobrindo de onde surgiu o dinheiro. "É possível enquadrá-los por formação de caixa dois."
Na Polícia Federal (PF), no entanto, há quem admita que, sem descobrir a origem do dinheiro, será difícil indiciar, criminalmente, os envolvidos. O delegado Diógenes Curado, responsável pelas investigações, pretende recorrer a exame pericial com o objetivo de saber se as informações que possui são suficientes para afirmar que parte dos dólares apreendidos saiu da agência de turismo Vicatur, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, por meio de "laranjas". Curado entrega à Justiça Federal na segunda-feira um relatório sobre as apurações realizadas.
Segundo a PF de Mato Grosso, até mesmo o crime eleitoral poderia ser descaracterizado, bastando que algum candidato assuma na prestação de contas à Justiça Eleitoral o R$ 1,7 milhão como doação para campanha.
E quem quiser que conte quatro. Para três crianças pequenas.
sábado, novembro 25
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